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7 de fev. de 2024


Há 43 anos, ele é o tapeceiro dos ricos e famosos
O conde Matarazzo foi um dos primeiros clientes de Zoé Ribeiro; depois vieram os Safra e os Diniz
Valéria França
Desconhecido do público em geral e com um tipo bem comum, o homem da foto acima é figurinha disputada entre os decoradores. O tapeceiro mineiro Zoé Alvez Ribeiro, de 58 anos, está no ramo desde a década de 70, quando começou a participar de projetos assinados por grandes nomes da arquitetura de interiores, como Germano Mariutti e José Duarte Aguiar. "Os tempos mudaram. A decoração ficou mais clean", diz Zoé, que continua em alta, agora em projetos de João Armentano e Célia Whitaker, por exemplo. "Quanto mais requintada a decoração, mais detalhes tem o ambiente", diz Célia. "É muito comum forrar as paredes das casas com seda ou algodão egípcio. Além de ser aconchegante, esse recurso cobre imperfeições. As paredes, não raro, são tortas, e o bom tapeceiro sabe como disfarçar o problema. E poucos têm a expertise de Zoé."Quinto de nove irmãos, chegou a São Paulo há 43 anos, e foi trabalhar de ajudante de tapeceiro de um alemão "perfeccionista", como ele mesmo diz, que tinha uma oficina na Bela Vista, no centro - e uma clientela vip. Zoé estudou até o 4º ano do ensino fundamental, mas já esteve em casas de milionários nunca fotografadas, nem pelas revistas de celebridades, caso da mansão de 60 cômodos da família Safra, no Morumbi. "Forrei os lavabos, que são maiores que muito banheiro", diz Zoé."Mas minha maior emoção foi entrar no quarto do Ayrton Senna, no sítio de Tatuí (interior de São Paulo), poucos meses antes de ele morrer. O capacete estava lá." Zoé forrou o quarto todo de bege. "Naquela ocasião, queria muito ver a pista de kart que ele tinha construído na propriedade, mas não consegui. Sabe como é, não fica bem bisbilhotar. Quanto mais discreto, melhor, nessa profissão."Um dos primeiros trabalhos de Zoé, na década de 70, foi no palacete do conde Francisco Matarazzo, demolido em 1996, com 16 salas e 19 quartos, na Avenida Paulista. "Instalei cortinas no térreo da casa, mas não vi ninguém da família", conta. Depois voltou outras vezes, a pedido do italiano Germano Mariutti - amigo e decorador do conde -, que foi uma referência no mundo da decoração entre as décadas de 70 e 90. "Anos mais tarde, na fazenda da família no interior do Estado, conheci Maria Pia, que apareceu para falar com o meu patrão. Dificilmente gente assim fala direto como o tapeceiro." Zoé ainda forrou o interior de um dos quartos do barco de Ciccillo Matarazzo. "Fomos até o Rio para fazer o serviço. Fazia um calor de mais de 50 graus dentro da embarcação. Ela estava parada, e por isso o ar condicionado não funcionava." A maior parte dos barcos grandes, segundo ele, é revestida interiormente por uma lâmina de madeira grudada à fibra com uma espécie de velcro. "Fica mais aconchegante. Fiz isso na Brisa 2 (o luxuoso iate de Alcides Diniz)." Entre os clientes, está também o ex-ministro Delfim Netto. "É um homem de bom gosto. Tem até um Di Cavalcanti na parede."Ele trabalha com tecidos que custam de R$ 300 a R$ 1 mil o m². "Muitas vezes, depois do trabalho pronto, o dono da casa manda arrancar tudo porque não gostou. E o material vai para o lixo." O decorador escolhe outro tecido, e começa o trabalho de novo. "Isso acontece porque o dono da casa recebe em geral uma mostra pequena do tecido. E poucos conseguem ter a noção de como vai ficar o ambiente."REPROVADOFoi mais ou menos isso que aconteceu no Club A, a nova casa noturna do apresentador Amaury Jr, que será um misto de balada e restaurante, no esquema do antigo Gallery, que funcionou nos Jardins na década de 80. O espaço de 1 mil m², no hotel Sheraton WTC, foi totalmente revestido com isolante acústico e tecido. As paredes do Club A foram revestidas de um pano cáqui personalizado, estampado com a letra A. Cerca de 25 metros de um algodão vermelho bordado com fio dourado sintético foram usados para fazer uma tenda árabe. "Quando começamos a montar, o tecido não foi aprovado", conta Zoé, que está esperando pelo próximo tecido. "Eu começo a forração depois da parte elétrica e da infraestrutura estarem prontas", explica. "Mas lá no Club A estou preocupado que vá ficar tudo sujo. Outro dia, assim que acabei de forrar o teto, resolveram colocar mais um ponto de luz e, ao furar, desfiaram o tecido. Vou ter de trocar tudo."Paciência e capricho são algumas das características de um bom tapeceiro. "Já tentei ensinar o ofício a vários assistentes, mas eles desistem." E, assim, Zoé trouxe de Minas Gerais dois irmãos que estavam aposentados para trabalhar em sua oficina, a Ribeiro Cortinas, na Vila Guarani, zona sul de São Paulo. "E mesmo assim tenho de recusar serviço." A agenda de Zoé tem uma espera de mais de dois meses.




Cortina com pregas e argolas em acessórios de madeira


Forração de tecido em parede


Cortinas forradas com pregas e argolas





Forração de painel da De Gournay


Cortina forrada - Bahia Salvador


Forração de papel em parede


Cortina em tecido de veludo forrada


Cortina e forração de tecido em parede





Cortina forrada com acessório de madeira -





Forração de tecido em parede




Cabeceira de cama em gomos do teto ao chão revestida com camurça




Forração de papel em parede






Forração de painel da De Gournay em parede






Puff em gomos e couro








Painel em papel










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